quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Catadores pretendem permanecer na Alerj até governo se manifestar Gustavo Ribeiro | Rio+ | 23/08/2012 15h31


Tristeza, fome e indignação. Esses são os principais sentimentos que levaram mais de 300 catadores do extinto aterro sanitário de Itaoca, em São Gonçalo, a descerem em frente ao prédio da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), no Centro, na tarde desta quinta-feira para reclamar seus direitos aos parlamentares. Segundo eles, a prefeitura não está cumprindo a promessa de pagar R$ 200 mensais até 2014 depois da desativação do aterro, em fevereiro.
Munidos de faixas e cartazes, os manifestantes interditaram a Avenida Presidente Antônio Carlos, em frente à Alerj, por volta do meio-dia, impedindo a passagem dos ônibus. A Polícia Militar e a Guarda Municipal precisaram intervir para liberar o trânsito, que ficou bloqueado por cerca de 15 minutos.
Os catadores foram deslocados para a escadaria do prédio, de onde alegam que não vão sair enquanto não tiverem uma posição das autoridades sobre o pagamento da indenização prometida pela Prefeitura de São Gonçalo na época da desativação.
"Enquanto não tivermos solução e nada for resolvido, não vamos sair daqui. Queremos que o governo pague o que tirou da gente. Sem o lixão, a gente não come e não bebe", disse ao SRZD Isabel Cristina Dias da Silva, moradora do bairro Fazenda do Mineiro, que tem sustentado a família pedindo ajuda nas ruas.
Perguntada se preferia a indenização da prefeitura ou o lixão de volta, a desempregada não soube responder. "Ou o lixão o dinheiro. Na situação que nós estamos, a gente prefere tudo", desabafou.
Cláudio Roberto, morador da Fazenda dos Mineiros, revelou ao SRZD a situação precária em que vivem as pessoas que tiravam do aterro o sustento de vida. Cláudio contou que apenas 6% dos catadores receberam o benefício de R$ 200 prometido pela administração municipal. No entanto, segundo ele, os pagamentos já foram suspensos.
"Algumas pessoas chegaram a receber. Pagaram duas parcelas e mais nada. Só 6% de toda a população recebeu e eu mesmo não recebi. Alguns estão arrumando biscate, mas outros que não conseguem estão passando fome, morando em barraco de tábua, com rato e esgoto vazando", contou Cláudio. "Estamos sem casa e sem comida por causa do governo que está comendo o nosso dinheiro", completou Marcelo Augusto Faria, amigo de Cláudio.
SRZD falou com um segurança que estava na porta do prédio da Alerj, mas ele declarou que os deputados só chegam ao local após as 16h e até o momento não havia ninguém para atender os manifestantes.
No meio do protesto, um voluntário distribuiu frutas para as famílias presentes. Abordada pela reportagem, uma mulher que não quis ser identificada disse que os dois filhos não comem "há um bocado de tempo". Eles ainda estavam em jejum naquele horário.