O debate aconteceu na Associação Brasileira de Fabricantes de Latas de Alta Reciclabilidade (Abralatas) e dele participaram Aspásia Camargo (PV), Cyro Garcia (PSTU), Fernando Siqueira (PPL), Marcelo Freixo (PSOL, Otávio Leite (PSDB) e Rodrigo Maia (DEM). Surpresos, tiveram que lidar com as manifestações, nem sempre gentis, do público.
Outro a defender a contratação formal dos catadores foi Fernando Siqueira, com recepção igualmente negativa. Ele criticou o esvaziamento da Comlurb, afirmando que 95% da coleta seletiva é feita por empresas tercerizadas. Para ele, o baixo nível de instrução da classe não inviabiliza a sua mobilização no serviço público:
"Podemos contratar essas pessoas, que têm experiência nessa atividade. Temos que treinar esse pessoal e conscientizar a população sobre a coleta seletiva", sugeriu.
Otavio Leite prometeu "reciclar a Comlurb". Acredita que a companhia não trabalha de maneira coordenada com as cooperativas de catadores e realiza funções que não são suas atribuições, como poda de árvores.
"Lamentavelmente apenas 3% do total do lixo produzido é reciclado. Nós vamos revolucionar este setor, apoiando e implantando cooperativas de catadores e reciclagem - oferecendo galpões e veículos, bem como atraindo empresas de reciclagem. É preciso compreender que o lixo tem valor. A vitoria da reciclagem das latinhas de alumínio será expandida para o plástico e o papel", prometeu.
O tucano também passou apertos por conta do seu vocabulário mais rebuscado. Uma das catadoras chegou a comentar que ele vinha com "muito blá-blá-blá". Outra observou, após uma resposta: "esse cara não responde nada, só enrola".
Autora de uma lei que regulamenta a gestão de resíduos, Aspásia Camargo também pregou que a prefeitura trabalhe em parceria com os catadores e estimule a economia criativa:
"Precisamos usar a criatividade do catador para gerar renda. A economia do Rio é muito pobre porque o governo não estimula a criatividade", afirmou, lembrando que os catadores da cidade vendem o fruto do seu trabalho para outros estados. "O produto da reciclagem não é concluído no Rio, vai para São Paulo ou Curitiba. Estamos perdendo toda essa riqueza", advertiu. A verde foi uma das queridinhas do público, com direito a demonstrações de apoio.
Rodrigo
Maia criticou a falta de investimento na questão ambiental, sobretudo no tratamento do lixo reciclável. Para ele, muitos governantes tratam do assunto apenas como instrumento de propaganda. O demista sofreu, ainda que em menor escala, com o mesmo tipo de comentário de Leite. Mereceu mais consideração por ser "filho do Cesar Maia", segundo alguns.
"O tema do meio ambiente é muito charmoso, todo mundo fala muito, mas se faz muito pouco de concreto. Todos aqui vão ter opiniões similares, o que precisamos é de ação. A prefeitura precisa garantir que os catadores trabalhem sem intermediários", disse.
Último a falar, Marcelo Freixo fez um discurso incisivo e cobrou dos demais candidatos, especialmente Eduardo Paes, um posicionamento sobre o assunto:
"Quem diz que governa para todo mundo está mentindo para alguém. Ou se está do lado da indústria do lixo, ou com a questão social, com os catadores. Tem que dizer de que lado está", criticou, sendo muito aplaudido.
Os catadores fizeram perguntas e apelos. Pediram que os prefeitáveis intercedam por eles em outros municípios do estado, como Belford Roxo e Araruama. Aspásia, Freixo e Otavio Leite defenderam que a solução para o problema do lixo deve ser metropolitana, discutida em um grupo de trabalho formado junto com os prefeitos destas cidades vizinhas.